sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Pericardite Constrictiva - by Fábio Soares


- A pericardite constrictiva (PC) caracteriza-se por um pericárdio rígido, com fusão de ambas as lâminas (visceral e parietal), determinando comprometimento do enchimento diastólico do ventrículo esquerdo, bem como do regime elevado de pressões em que ele ocorre.
     - Shabetai R, Fowler NO, Guntheroth WG. The hemodynamics of cardiac tamponade and constrictive pericarditis. Am J Cardiol 1970;26:480-9.
      - White PD. Chronic constrictive pericarditis. Circulation 1951;4:288-94.

- As principais causas da PC são: Imfecciosa, cirurgia cardíaca prévia e irradiação mediastinal. A calcificação e a fibrose do pericárdio podem ocorrer de origem idiopática.

- As alterações hemodinâmicas características da PC são uma combinação da variação respiratória da pressão intratorácica e de um volume diastólico final ventricular fixo. Embora, normalmente, o gradiente de pressão entre as veias pulmonares e o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo seja relativamente constante durante o ciclo respirtaório, em casos de PC ocorre diminuição desse gradiente levando a redução do fluxo venoso pulmonar e consequentemente do enchimento do AE e VE. Com o pericárdio rígido envolvendo ambos os ventrículos um aumento do enchimento de um lado do coração dificulta o enchimento contra-lateral devido ao desvio do septo interventricular (SIV), tornando ambos os ventrículos interdependentes. Por causa da pressão atrial elevada, o enchimento ventricular é muito rápido e predominantemente na protodiástole, declinando abruptamente na médio diástole.



- Análise do fluxo mitral demonstra um aumento da velocidade de enchimento diastólico inicial seguido de rápida desaceleração, levando a um curto período de enchimento. (tempo de desaceleração da onda E costuma ser <160mseg)
      - Hatle LK, Appleton CP, Popp RL. Differentiation of constrictive pericarditis and restrictive cardiomyopathy by Doppler echocardiography. Circulation 1989;79:357-70.
     - Mancuso L, D’Agostino A, Pitrolo F, Marchi S, Carmina MG, Celona G, et al. Constrictive pericarditis versus restrictive cardiomyopathy: the role of Doppler echocardiography in differential diagnosis. Int J Cardiol 1991;31:319-27.

- Na PC, o influxo mitral inicial é reduzido com o início da inspiração, e o tempo de relaxamento isovolumétrico é prolongado. Com a expiração, o influxo mitral retorna ao normal e o tempode relaxamento isovolumétrico encurta. Tipicamente, os pacientes com PC demonstram uma aumento da velocidade do fluxo diastólico mitral de 25% durante a expiração comparado com inspiração. 
    - Oh JK, Hatle LK, Seward JB, Danielson GK, Schaff HV, Reeder GS, et al. Diagnostic role of Doppler echocardiography in constrictive pericarditis. J Am Coll Cardiol 1994;23:154-62.


- A variação respirtaória do fluxo mitral pode ser útil para avaliação do prognóstico da pericardiectomia. Pacientes com mínima variação após o procedimento cirúrgico permaneceram assintomáticos comparados com aqueles que mantiveram-na.
    - Sun JP, Abdalla IA, Yang XS, Rajagopalan N, Stewart WJ, Garcia MJ, et al. Respiratory variation of mitral and pulmonary venous Doppler flow velocities in constrictive pericarditis before and after pericardiectomy.

J Am Soc Echocardiogr 2001;14:1119-26.

- A fibrilação atrial dificulta a interpretação da variação respiratória na velocidade do fluxo mitral, mas a variação respiratória ainda pode ser percebida independentemente da duração do ciclo cardíaco.


- Pacientes com PC comumente demonstram refluxo tricúspide e mitral discretos. Um aumento pronunciado da velocidade do jato tricúspide do início ao pico inspiratório pode ajudar no diagnóstico.
    - Klodas E, Nishimura RA, Appleton CP, Redfield MM, Oh JK. Doppler evaluation of patients with constrictive pericarditis: use of tricuspid regurgitation velocity curves to determine enhanced ventricular interaction. J Am Coll Cardiol 1996;28:652-7.


 


- Em casos de PC, as propriedades mecanoelásticas do miocárdio estão relativamente preservadas na direção longitudinal, e assim a deformação longitudinal da base do VE e a velocidade diastólica inicial são normais ou supranormais. Uma velocidade anular (septal ou lateral) ao Tissue Doppler >8cm/s é, em geral, aceito como valor de corte para distinção de pacientes com PC daqueles com cardiomiopatia restritiva.
    - Rajagopalan N, Garcia MJ, Rodriguez L, Murray RD, Apperson-Hansen C, Stugaard M, et al. Comparison of new Doppler echocardiographic methods to differentiate constrictive pericardial heart disease and restrictive cardiomyopathy. Am J Cardiol 2001;87:86-94.
   -  Sohn DW, Kim YJ, Kim HS, Kim KB, Park YB, Choi YS. Unique features of early diastolic mitral annulus velocity in constrictive pericarditis. J Am Soc Echocardiogr 2004;17:222-6.



Tudo que vc sempre quis saber sobre pericardite constrictiva mas não tinha coragem de perguntar...

Echocardiographic findings. A, M-mode with abnormal-flat septal motion and thick hyperechogenic pericardium. B, M-mode with septal bounce with inspiratory displacement of the septum toward the left ventricle. C, Apical 4-chamber view during inspirium with the ventricular septum displaced to the left. D, Restrictive left ventricular filling profile with large E-wave and short deceleration time. E, Preserved mitral annular tissue Doppler early diastolic velocity (Ea). F, Exaggerated increase of left ventricular filling velocities on experium. G, Dilated inferior vena cava without respiratory change of diameter. H, Inspiratory increase of velocities through the hepatic veins. I, Exaggerated increase in pulmonary venous velocities

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