sábado, 8 de janeiro de 2011

Ecocardiografia do Seio Coronário - by Fábio Soares

   O seio coronário costuma ser alvo de interesse dos arritmologistas (mapeamento elétrico, sítio de arritmias), do anestesista que realiza ecocardiogama intraoperatório (para administração retrógrada de solução cardioplégica), mas costuma ser esquecido pelo Ecocardiografista. Vamos a uma breve revisão sobre otema.

- O seio coronário (SC) é uma estrutura tubular, muscular que mede de 2-3cm de comprimento por 1cm de largura, localizado imediatamente acima e paralelo à junção átrioventricular esquerda.

- Ao contrário de outras veias, apresenta paredes espessas formadas por músculo cardíaco estriado contíguo com o do átrio direito.


- O seio coronário desemboca no átrio direito, próximo à desembocadura da veia cava inferior, onde pode-se observar a válvula de Tebesius, uma extensão endocárdica que pode se continuar com a válvula de Eustáquio (mesma origem embriologica). .

- Essa estrutura é melhor vista, ao ecocardiograma, nas janelas apicais (2 e 4 câmaras). Durante a sístole ventricular, o seio coronário alcança seu diâmetro máximo. A variação do diâmetro do SC (máximo na sístole ventricular e mínimo na sístole atrial) pode ser visto ao modo M. Portanto, o SC não é meramente um conduto!

- Veia cava superior esquerda persistente (VCSEP) ocorre em cerca de 0,5% da população geral e em 3-10% daqueles com cardiopatia congênita. Nesta anomalia, as veias subclávia e jugular interna esquerda não drenam em uma veia inomada esquerda, ao invés disso um grande canal venoso se continua com o seio coronário dilatado. Assim, o sangue venoso do membro superior esquerdo, e do lado esquerdo da cabeça e do pescoço drenam diretamente para o SC. Não costuma apresenar alterações hemodinâmicas significativas, porém deve-se lembrar do curso errático de cateteres venosos e marcapassos nesses casos.
Uma rara variante da VCSEP é a ausência da veia cava superior direita, onde todo o retorno venoso da parte superior do corpo entra no átrio direito através de um SC gravemente dilatado (formando uma câmara extra entre o átrio e o ventrículo esquerdos).


- A administração de salina agitada pode ajudar a confirmar o diagnóstico de VCSEP. Ao ser injetada em veia do MSE, ocorre opacificação do seio cornário prévia a do átrio direito. O mesmo deve ser feito do lado direito, onde a opacificação deve ser do átrio direito. Nos casos de ausência da VCS direita, a injeção de salina em ambos os lados resultará em opacificação do seio coronário previamente ao átrio direito.

- O seio coronário costuma dilatar-se na presença de pelo menos um destes:
  • Veia cava superior esquerda persistente
  • Drenagem venosa pulmonar anômala no SC
  • Ausência de VC inferior, com uma grande veia ázigos esquerda drenando no SC
  • Fístula coronária artério-venosa
  • Comunicação interatrial tipo seio coronário
  • Cardiomiopatia dilatada do ventrículo esquerdo
  • Hipertensão pulmonar (onde seu aumento correlaciona-se positivamente com o tamanho e a pressão do átrio direito, mas não com o grau da regurgitação tricúspide e a pressão do VD) --> IMPORTANTE lembrar disso. Vejam esse caso abaixo. Pcte com HP grave idiopática, com grave IT e disfunção do VD com seio coronário aneurismático.



- Apical quatro câmaras posteriorizado, onde nota-se aumento grave de câmaras direitas, seio coronário gravemente aumentado, insuficiência tricúspide (déficit de coaptação por dilatação o anel) e hipertensão arterial pulmonar. Submetida a cateterismo de câmaras direitas que evidenciou HP grave, resistência vascular pulmonar >10Wood, e veia cava superior esquerda persistente.

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