sábado, 14 de julho de 2012

Resposta do caso clínico da semana - by Fábio Soares

Paciente foi encaminhado de emergência ao centro cirúrgico para drenagem pericárdica, sendo retirado 1,5L de conteúdo hemático.



O paciente encontrava-se anticoagulado devido a prótese mecânica aórtica, com o RNI à admissão de  5,0. Após alta da UTI, normalização do RNI, após 6 dias, a despeito de encontrar-se assintomático, este era o ecocardiograma de controle. Nota-se ainda derrame pericárdico de grau moderado, sem evidências de comprometimento hemodinâmico, com imagens sugestivas de coágulos ao redor das câmaras direitas.





- Síndrome pós-pericardiotomia (SPP) é uma doença febril, secundária a reação inflamatória envolvendo a pleura e o pericárdio. É mais comum em pacientes submetidos a cirurgia com inscisão do pericárdio, mas também pode ocorrer após IAM (Síndrome de Dressler) e, até mesmo, após implante de stents coronários e eletrodos de marcapasso (transvenoso e epicárdico), trauma torácico fechado e ferimento por arma branca.

- Derrame pericárdico frequentemente acompanha a síndrome e pode, precoce ou tardiamente no pós-operatório, evoluir para tamponamento cardíaco.

- A síndrome é caracterizada por dor toráica (pleurítica ou pericárdca), atrito (pericárdico ou pleural), derrame pleural, pneumonite e achados anormais ao ECG (supradesnivelamento difuso do segmento ST).

- É frequentemente associada ao desenvolvimento de anticorpos contra epítopos próprios do coração. Há relatos de associação com infecção viral, levando a resposta auto-imune (coksakie B, adenovirus e CMV).

- Frequência varia de 3 a 30% dos pacientes submetido a cirurgia cardíaca com incisão do pericárdio

- Tamponamento ocorre em menos de 1% dos pacientes. A maioria dos pacientes cursa com quadro autolimitado .

- Os sintomas da SPP costuma ocorrer após 1-6 semanas após a pericardiotomia. Febre é um sintoma frequente, que costuma ocorrer precocemente e desaparcer após 2 a 3 semanas. Dor muscular, irritabidade e inapetência podem compor o quadro clínico.

- Achados laboratoriais incluem leucocitose comm desvio, níveis elevados de PCR e VHS. Enzimas cardíacas podem ou não estarem elevadas, sendo de pouca valia.

- Tratamento inclui drenagem pericárdica (na presença de derrame pericárdico grave), uso de antiinflamatórios não esteróides e esteróides. Corticóides são mais frequentemente utlizados em casos mais graves e refretários.

Um comentário:

  1. As imagens no saco pericárdico, embora sugiram coágulos, podem sugerir também traves de fibrina. Podem também ocorrer em pericardite fibrinosa ou infecciosa. Neste caso específico, sem dúvida pós-pericardiectomia.
    Roberto Pereira

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