domingo, 20 de fevereiro de 2011

Financiamento de Políticos pelos planos e seguros de saúde...

Recomendo a todos a leitura de artigo publicado no Jornal A Tarde do dia 13 fevereiro de 2011 e o comentário feito por Dr. Raymundo Paraná, no mesmo jornal do dia 20 fevereiro 2011.
E são inúmeros os artigos sobre o tema em todos os estados do país. Segue abaixo trechos dos mesmos e links para quem se interessar sobre o assunto.


Extraído de: Assembléia Legislativa do Estado do Ceará - 18 de Fevereiro de 2011


O deputado Augustinho Moreira (PV) defendeu, na sessão plenária desta sexta-feira (18/02) da Assembleia Legislativa, financiamento público de campanha. Para ele, problemas como os de atendimento ruim dos planos de saúde acontecem porque existem políticos comprometidos com essas empresas. Segundo o parlamentar, os planos de saúde doaram R$12 milhões para 157 candidatos de 20 partidos nas últimas eleições. "Isso ajudou as empresas a ampliar o espaço nas assembleias e no Congresso Nacional", avaliou.
Conforme as contas de Augustinho Moreira, a bancada de parlamentares que atuam em defesa dos interesses dos planos de saúde aumentou na atual legislatura de 28 para 38 deputados. De acordo com ele, esses deputados atuam em votações específicas, por exemplo, rejeitando projetos como o que obriga os planos de saúde a informar por escrito os motivos de não atender ou tratar o paciente.
"O Congresso está minado de políticos que não estão representando o povo, e sim os grupos econômicos", disse Augustinho. Para acabar com isso, o deputado do PV defendeu o financiamento público de campanha.

Para o parlamentar, os serviços dos planos de saúde são problemáticos no Brasil, também em função da má qualidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Na opinião dele, o paciente fica sem opção. "Quando fazemos um plano, é por falta de contentamento com o SUS. Por isso, os planos são ruins, e exploram os seus usuários".

Em aparte, o deputado Roberto Mesquita (PV) disse que as doações feitas por empresas a partidos e candidatos "garantem uma legislação frouxa, onde os planos deitam e rolam." Já o deputado Delegado Cavalcante (PDT) ponderou que os planos de saúde pagam um valor baixo aos médicos cooperados. Isso prejudica o serviço, porque os médicos são forçados a atender um número muito grande de pacientes, o que provoca um tempo de espera longo.
Autor: Coordenadoria de Comunicação Social


Bancada dos planos de saúde cresce e reúne 38 deputados e 5 senadores - Empresas do setor praticamente dobraram as doações para campanhas eleitorais




BRASÍLIA. Em 2010, os planos de saúde doaram R$ 12 milhões para campanhas eleitorais de 157 candidatos de vinte partidos. Ogasto ajudou as empresas do setor a ampliar seu espaço político no Congresso enas Assembleias Legislativas. O apoio financeiro de 49 empresas contribuiu para aumentar de 28 para 38 o número de deputados federais da bancada da saúde suplementar . Foram eleitos também 26 deputados estaduais aliados ao setor em todo o país.

Em 2006, os planos destinaram R$ 7,1 milhões às campanhas eleitorais, quase R$ 5 milhões a menos que no ano passado. As empresas fizeram doações ainda para cinco senadores e cinco governadores eleitos. Para a campanha da presidente Dilma Rousseff(PT), a Qualicorp Corretora de Seguros doou R$ 1 milhão. Mauricio Ceschin, atual presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula e fiscaliza os planos, foi presidente do Grupo Qualicorp até fevereiro de 2009.

Para José Serra (PSDB), ocandidato derrotado, amesma empresa doou R$ 500 mil. O levantamento das doações faz parte do estudo “Representação política e interesses particulares na saúde: o caso do financiamento de campanhas eleitorais pelas empresas de planos de saúde no Brasil”, dos pesquisadores Mário Scheffer , do Departamento deMedicina Preventiva da Universidade de São Paulo (USP), e Lígia Bahia, do Laboratório de Economia Política da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Parlamentares são contra projeto - No Congresso, essa bancada atua em votações específicas. É contra, por exemplo, o projeto que obriga as operadoras de planos de saúde a justificar por escrito a recusa em realizar procedimentos, exames, internações eoutras condutas. Também écontra o projeto que inclui na assistência oferecida pelos planos de saúde a obrigatoriedade de ações de prevenção e de tratamento de doenças que ponham em risco o crescimento e o desenvolvimento de crianças e de adolescentes.
O deputado federal eleito que recebeu mais recursos dessas empresas foi Doutor Ubiali (PSB- SP). Foram R$ 285 mil, doados pela Federação das Unimeds de São Paulo,maior financiadora de campanhas. Ubiali émédico ligado à federação. Na Câmara, relatou (e alterou) em 2010 projeto do governo que tributava osetor . Ubiali faz críticas ao Sistema Único de Saúde e ao governo: – O atendimento público está cada vez mais limitado. É demorado o tempo para conseguir consulta, o número de médicos é insuficiente. E o SUS ainda cobra de forma exagerada dos planos oressarcimento. Quando faço um plano, não estou impedido de ser atendido pelo SUS. Continuo pagando impostos.
O deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), que foi ministro da Saúde no governo Lula, aparece em segundo na lista de beneficiados. Ele recebeu R$ 270 mil da Vitallis Saúde e das Unimeds de Minas Gerais. Mas afirma que faz uma defesa intransigente do SUS e que nunca cedeu ao lobby do setor privado: — Não há conflito na minha atuação parlamentar. Sou um dos formuladores do SUS edefendo esse sistema. Agora, sou médico, queria que fosse buscar recursos no setor de armas? Há uma grande hipocrisia.Ninguém gasta pouco em campanha. Enquanto não houver financiamento público, isso vai continuar . Willian Dib (PSDB-SP) aparece em terceiro nessa relação, contemplado com R$ 154 mil das Unimeds paulistas. Ele já foi se cretário de Saúde de São Bernardo (SP) e afirma que entidades cooperativas, como as Unimeds, precisamreceber tratamento diferente e ser menos tributadas: — Não defendo os planos, mas o cooperativismo. É incansável a minha batalha pelo SUS, mas sãomuitas as falhas. Por isso, há necessidade de atendimento suplementar . João Magalhães (PMDB- MG), que recebeu R$ 100 mil da Aliança de Benefícios de Saúde, justificou o apoio: – Não tenho qualquer vínculo como setor de saúde, só uma relação pessoal com oproprietário. Foi doação por amizade.

Em 2009, o setor dos planos de saúde faturou R$ 64,2 bilhões. São 1.061 empresas, que atendem a 46 milhões de usuários.

- Embora seja legal, é preciso que esse tipo de doação se torne mais transparente. Está claro que, em vários momentos, o interesse de planos de saúde é totalmente oposto ao da coletividade. Políticos que a sociedade elegeu podem estar agindo em favor de interesses que não são dela — disse Scheffer . Para Lígia Bahia, as empresas tentamconquistar espaço político menos para influenciar na elaboração de leis e mais para evitar que sejam aprovadas regras que as prejudiquem:
- Mas chama a atenção que algumas dessas empresas apoiaram apenas candidatos do Executivo (presidente e governadores), oque sugereointeresse desse segmento por todas as esferas do governo, não só o Congresso – disse Lígia Bahia. Em nota, a Qualicorp alegou que “nas eleições passadas, fez doações a partidos e candidatos indistintamente, nos termos da legislação brasileira vigente”. A ANS, também em nota, afirmou que Ceschin é gastroenterologista e que atua no setor de saúde suplementar há 26 anos. A agência lembrou que Ceschin foi diretor do Grupo Medial Saúde, diretor da Integrare Consultoria em Saúde, superintendente do Hospital Sírio-Libanês e presidente do Grupo Qualicorp.
Evandro Éboli
O Globo

7 comentários:

  1. Li no dia que foi publicado e ainda comentei no Facebook... na minha opinião por falta de políticas públicas e interesse de nossa classe a tend~encia é piorar a remuneração..
    A desvalorização de nossa classe é clara..
    O sobreaviso?? E a SBC?? qual posição tomou??
    Leandro Serafim

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  2. Política devia segnifcar outra coisa, porque no nosso país essa palavra e o significado de roubo, lavagem de dinheiro mensalão e outros...

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  3. Fábio,
    Achei seu blog recentemente(depois te conto como) e venho acompanhando as suas "mil e uma utilidades". Parabéns!

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  4. Obrigado, Úrsula. Conto com sua participação!

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  5. Assustador é ver como a classe médica é tão menosprezada em todo o país . Não é de hoje que noto quedas em meus repasses e pergunto-me até quando poderei continuar como ecocardiografista. Pergunto-me se finalmente os médicos se unirão no 7 de abril para fazermos essa uma data histórica .
    Excelente blog , Fábio , descobri através de sua participação no echotalk. Continue firme . Unano-mos!

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  6. Caro Fábio, sou colega do Emanuel e assino em baixo, os planos de saúde tem lucros LÍQUIDOS, estratosféricos e ao inves de reajustar querem reduzir o valor dos exames, prática facilitada pela compra de laboratórios pelos mesmos(vide AMIL-DASA).Temos que lutar pela aprovação em Brasília do PL que institui a CBHPM com reajuste anual obrigatório para os procedimentos, e pressionar nossos empregadores para negociar melhores valores com os planos(aqueles que não foram comprados por eles), visto que será bom para eles também pois recebemos apenas porcentagens(injustas aliás).
    Faça um perfil no facebook e entre no grupo dignidade médica, já são mais de 2.000 médicos de todo o Brasil.

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  7. Olá Roberto, obrigado pela participação. Concordo plenamente. O domínio de grandes grupos filiados, associados ou donos de plano de saúde estão fechando o cerco para nós médicos. A compra de grandes clínicas e Hospitais está se tornando uma prática corriqueira e recorrente. Aliado a isso, vê-se o patrocínio (sem conflito de interesse) - claro - de políticos pelos plnaos de saúde, tentando ao máximo dificultar, o já disperso, movimento dos médicos. O pessoal da Hemodinâmica aqui de Salvador já começou a se rebelar contra os planos de saúde, exigindo reajustes periódicos. Proporcional e absolutamente, o número de Hemodinamicistas é menor que o de Ecocardiografistas (e os que se dizem...), tornando mais difícil uma mobilização para benefício da classe. Parece paradoxal, mas na verdade é um calcanhar de Aquiles. Porque isto não é discutido em Congresso? Porque o Departamento de Ecocardiografia de todos os estados não fazem uma representação nacional junto à SBC? Esta deve ser a nossa briga, um posicionamento uniforme em todos, ou ao menos, na maioria dos estados. Vamos envher os e-mails do DIC com nossas vivências e reclamações locais. A luta por reajuste de honorários era uma das promessas do nosso presidente, no qual tenho muita confiança.

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