sábado, 25 de dezembro de 2010

Terapia de Ressincronização Ventricular - by Fábio Soares


Já vi muitos colegas ecocardiografistas afirmarem que não gostam de receber pedidos de avaliação de sincronia ventricular ou mesmo de avaliação pós CRT...
O exame acaba sendo bastante demorado (ainda mais se o Arritmologista está em sela e quer ajustar os intervalos VV/AV, etc...), e não há qualquer remuneração adcional pelo exame, ou mesmo ele é cobrado de maneira diferente (tal qual Eco stress ou Transesofágico).
Deixando de lado a questão financeira, acho que a Ecocardiografia tem muito a ajudar na seleção dos pacientes, na predição de melhora e ajuste do ressincronizador. Com o advento das novas técnicas (Strain, Shear strain, 3D), acredito que o Eco terá seu papel consolidado e deixará a má impressão deixada pelo Prospect aos Arritmologistas e Cardiologistas Clínicos.

Vamos a alguns dados sobre CRT:

-Segundo Guideline da AHA/ACC/HRS, a terapia de Ressincronização Ventricular é considerada classe I de indicação em:
  • Pctes com ICC CF III ou IV, sintomáticos a despeito de terapia medicamentosa otimizada, que apresentam FEVE<35% e QRS>120mseg
- Efeitos benéficos comprovados em grandes trials: melhora da qualidade de vida, redução da morbi-mortalidade, remodelamento reverso, redução da IM.

- A despeito da seleção dos pctes, dos benefícios comprovados da CRT, cerca 30% dos pctes não respondem à terapia.


 
- A resposta a CRT pode ser:
  • Clínica: na maioria dos estudos, corresponde a melhora da classe funcional, QOL, teste da caminhada de 6 minutos
  • Ecocardiográfica: remodelamento reverso (redução>10-15% no VSF) e melhora da FE.
- A dissincronia pode ser:
  • Dissincronia Interventricular
  • Dissincronia Intraventricular
  • Dissincronia Átrio-ventricular

 - As evidências apontam a presença de dissincronia intraventricular (dissincronia do VE) como maior preditor de resposta à CRT.
Bax JJ, Abraham T, Barold SS, et al. Cardiac resynchronization therapy part 1—issues before device implantation. J Am Coll Cardiol 2005;46:2153– 67.

- Algumas verdades:
  • Em geral, dissincronia intraventricular é mais prevalente entre pctes com complexos QRS largos, mas não necessariamente isso garante resposta à CRT.
  • QRS largo está relacionado a dissincronia interventricular mas não necessariamente à intraventricular
  • 20-30% dos pctes com QRS largo não apresentam dissincronia mecânica ao ecocardiograma
  • >30% dos pctes com ICC e QRS normal apresentam dissincronia mecânica
Rouleau F, Merheb M, Geffroy S, et al. Echocardiographic assessmen t of the interventricular delay of activation and correlation to the QRS width in dilated cardiomyopathy. Pacing Clin Electrophysiol 2001;24: 1500–6.


Bleeker GB, Schalij MJ, Molhoek SG, et al. Relationship between QRS duration and left ventricular dyssynchrony in patients with end-stage heart failure. J Cardiovasc Electrophysiol 2004:15:544 –9.

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