segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Valva aórtica univalvar - by Fábio Soares

Paciente feminina, 25 anos, portadora de retardo neuropsicomotor e "sopro cardíaco" desde a infância. Internada em unidade hospitalar por febre de foco indeterminado há 7 dias. Ao exame  físico, apresenta bom estado geral e nutricional, fácies sindrômica. Artelhos com certo grau de deformidade.Ausculta cardíaca revela B2 hiperfonética com sopro em crescendo/decrescendo em foco aórtico, com irradiação para pescoço, grau 3/6. Nota-se, ainda, pulsação proeminente da aorta na fúrcula esternal.


Ecocardiograma: Câmaras cardíacas de dimensões e espessuras normais, com valva aórtica univalvar, com estenose de grau discreto. Aneurisma da aorta torácica ascendente inicial (49mm). Arco aórtico a esquerda e sem evidências de obstruções.



- Valva aórtica unicúspide é uma alteração congênita rara. Em uma série retrospectiva, a prevalência desta anomalia gira em torno de 0,02% da população adulta.

- É uma malformação congênita que resulta de valvulogênese anormal. Normalmente, as 3 válvulas e suas comissuras, desenvolvem-se a partir dos turbérculos ambrionários do tronco aórtico. Em uma valva bicúspide,o desenvolvimento de um dos tubérculos é interrompido, resultando em uma rafe, onde deveria haver uma comissura. Do mesmo modo, em uma valva unicúspide, ocorre falha no desenvolvimento das duas comissuras.

- Durante a diástole, as rafes freqüentemente se parecem com verdadeiras comissuras no eixo curto, tornando-se fácil confundir com valva tricúspide. Durante a sístole, entretanto, não há separação das válvulas, levando a uma abertura elípitica excêntrica em "boca de peixe".

- Existem dois tipos de reconhecidos de valvas aórticas unicuspides: unicomissural (mais comum) e acommissural, baseado na existência da ligação do orifício valvar e a parede aórtica.



 - Esta população costuma apresentar dilatações da aorta torácica, podendo requerer procedimento cirúrgico na vida adulta.

Exemplo de caso clínico no link abaixo:

http://eurheartj.oxfordjournals.org/content/29/10/1295.full.pdf

Recomendo:
International Anesthesia Research Society Vol. 108, No. 3, March 2009

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